quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Notícias do desenvolvimento do Maranhão IV


Quais as razões da nossa pobreza?

Para o jovem José Sarney, empossado como governador do Maranhão no dia 31 de janeiro de 1966, solenidade filmada por Glauber Rocha, que posteriormente se transformou no documentário intitulado Maranhão 66, as razões não ão naturais, pois existem riquezas em abundância e um povo trabalhador.

Nas suas palavras, o Maranhão Novo não aceita a miséria como destino, nem as riquezas serem usufruídas somente por alguns.

E diz mais:

O Maranhão não suportava mais, nem queria o contraste de suas terras férteis, de seus vales úmidos, de seus babaçuais ondulantes, de suas fabulosas riquezas potenciais, com a miséria, com a angústia, com a fome, com o desespero das puídas que não levam a lugar nenhum, senão ao estágio em que o homem de carne e osso é o bicho de carne e osso

Apesar do genial trabalho, documentário em que Gláuber Rocha mescla cenas da posse com cenas do cotidiano do povo maranhense, José Sarney posteriormente o rejeitou, ante a crueza da realidade mostrada, o que gerou desconforto na elite maranhense e no regime de plantão, do qual Sarney passou de ajudante de ordem a defensor de primeira linha.

Passados mais de 45 anos da posse, o que mudou na vida do maranhense?

Por que entra ano, sai ano, e a vida do maranhense não muda?

De acordo com o ofício encaminhado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil/Regional NE V à presidência do Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão, o Estado passou do limite, a concentração de terras é altíssima, uma das maiores do país.

Pior: esse fato, aliado ao agronegócio e aos grandes projetos, concentra toda a responsabilidade pelo alto número de conflitos no campo, vitimizando camponeses, quilombolas, indígenas, quebradeiras de coco, ribeirinhos, entre tantos.

Não é para menos, basta olhar o Censo Agropecuário de 2006, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), para se constatar que a estrutura fundiária do Estado é injusta, desigual, excludente e violadora de direitos.

De acordo com o IBGE, a estrutura fundiária está assim desenhada:


Propriedades Rurais Cadastradas

Total: 287.037
Finalidade
Percentual correspondente
Área ocupada

Total: 12.991.448 hectares
Percentual correspondente
262.089
Lavoura, agricultura familiar
91,31%
4.519.305 ha
34,79%
24.948
Agronegócio,
pecuária bovina
8,6%
8.472.143 ha
65,21%


Concretamente: agronegócio (plantio de soja, cana de açúcar e eucalipto), pecuária bovina extensiva e latifúndio, quase sempre fruto de “grilo” de terras públicas, já ocupam quase o dobro do espaço da agricultura familiar: 8,4 milhões de hectares contra 4,5 milhões de hectares, respectivamente.

Ou seja: lavradores, agricultores familiares, quilombolas, indígenas, ribeirinhos, extrativistas estão sendo espremidos, pressionados, cercados, praticamente na condição de ilha, rodeados por soja, eucalipto, cana de açúcar, boi ou pistoleiro para qualquer lado que se vire.

Apesar de tudo, a agricultura familiar ainda é a principal fonte de renda de 850 mil pessoas, enquanto o agronegócio emprega apenas 133 mil, em trabalho temporário ou sazonal.

Estudos sobre a realidade agrária do Estado e a opinião das entidades da sociedade civil apontam que o quadro agrário do Estado piorou da posse da Sarney para cá.

A intensificação dessa situação trágica ocorreu após a sanção, no seu mandato, da famigerada Lei de Terras, grande responsável pela  deflagração de enormes conflitos agrários no Estado, ao atrai centenas de latifundiários do sul e sudeste do país, gerando violência de todo tipo, assassinatos, despejos, expulsões, pobreza, miséria em conseqüência,

Diferente do que pensava em 1966, quando enaltecia as belezas naturais do Maranhão, as suas terras férteis e campos úmidos, a ondulância e a riqueza dos babaçuais, os potenciais escondidos nas terras maranhenses e a força do povo trabalhador, para ele agora os motivos da pobreza são outros.

Para José Sarney os motivos da pobreza no Maranhão decorrem da conjugação de dois fatores: a) a existência de alta parcela da população vivendo na zona rural (36% segundo o último Censo, a maior do Brasil) e b) parcos recursos naturais do Estado.

Segundo afirma, “as terras (do Maranhão) não são boas, além de não termos nenhuma riqueza mineral, baseando toda sua economia tradicional numa atividade mercantil e agrícola de subsistência".

Depois dessa, entende-se porque alguns, entre os tais Lula e Dilma, gostam de afirmar que Sarney não é uma pessoa comum.

Realmente, pois uma pessoa comum, das tantas que existem na zona rural maranhense, tem vergonha na cara, não aceita a mentira como regra, a desonestidade como comportamento correto, nem a falta de caráter como medida para o exercício da autoridade.

Imagens: Maranhão 66, de Gláuber Rocha

4 comentários:

José Atailson P. SAntos disse...

Esta raça non grata continua entregando o maranhão de mão beijada ao agronegócio, aos grandes projetos de desenvolvimento do Gov. Federal. Aos maranhenses sobram a universalização da miséria, pobreza, fome, doenças e violencia generalizada. Este modelo de desenvolvimento gera tudo isto e muito mais males. Como enfrentar a raça non grata e esta situação?É trabalho árduo de todos nós. Um brasileiro "não foge a luta" por liberdade e mais vida. Núcleo da Rede de Defesa de Pte. Vargas.

VALDEJANE COSTA disse...

SE O SARNEY É MESMO ESSA PESSOA "COMUM" COMO DIZ LULA E DILMA; O OSAMA BIN LADER É UM "ANJO". FALA SÉRIO VAMOS DEIXAR DE SACANAGEM; O SARNEY É UM TREMENDO DO CORRUPTO.
VALDEJANE - PIRAPEMAS/MA.

Ianaldo Pimentel disse...

Dizer que o problema do maranhão é o povo,é falar mal de Deus, Lula e Dilma afirma que Sarnye não é um Homem comum é verdade é o demõnio bem real, que impede a história do nosso povo,mas povo organizado tem autoridade para expulsar os demônio.Somos protagonistas dessa história,vamos participar!
REDE DE DEFESA,NÙCLEO DE CANTANHEDE

Anônimo disse...

Todo processo da agricultura familiar e do agronegócio passa pela política e é por isso que enquanto o agricultor cultiva 1/2 linha da sua lavoura, o agronegócio ultrapassa 200 hectares. Se os governantes investissem na lavoura, agricultura familiar o maranhão não estaria na zona de pobreza extrema, poi já foi provado que as terras desse nosso maranhão é fértil e o seu povo trabalhador.


Rede de Defesa/ núcleo Vargem Grande.