terça-feira, 21 de junho de 2011

Matadouro público: lugar de imundície e contaminação!

Abaixo, trechos dos depoimentos dos moradores que residem nas imediações do matadouro público de Vargem Grande, que conhecem na própria pele essa situação de desrespeito e descaso aos seus direitos e à saúde pública do município:

- Só suporto o fedor porque é o jeito. Não dá nem gosto de receber alguém em casa. A carne é transporta num trator, numa carroça. Acho que as fezes, urinas e sangue do animal são jogados avulso (Luzia Teixeira).

- O matadouro é terrível, é muito ruim. O gado é morto em cima do couro, sangue para todo lado. As fezes, urina e sangue do animal morto é jogada numa barroca, que tem um muro feito de tijolo. Daí segue para um açude feito para receber essas coisas. Em seguida, vai para o riacho, conhecido como riacho dos macacos. Depois cai no rio preto, a poucos metros acima de onde a Caema retira água para servir a população de Vargem Grande (Antonio José Martins).

- O fedor do matadouro é demais, as crianças nem pode brincar à tarde, por conta do fedor que é demais. Tem muita mosca nas casas. Acho que um animal não deve ser abatido daquele jeito. Os funcionários não usam roupa adequada, usam roupa comum. A carne é jogada dentro do baú de qualquer jeito. As fezes, urinas e sangue são jogados num rego, que cai num açude e acaba no riacho, onde as pessoas lavavam roupa e tomavam banho. Já fizemos um abaixo-assinado e levamos para a casa do prefeito, para que resolvesse o problema. A única coisa que foi feito foi uma barroca, para conter as fezes e urinas. (Raimundo Francisco Sousa).

- Muitas pessoas não querem nem ir nas nossas casas, por conta do mau cheiro. Muita mosca, que incomoda muito. As crianças estão afetadas por muitas coceiras. Eu vejo o boi quando entra lá, o local fede muito, eu de vez em quando pegava o fato do boi lá. Mas por conta da imundície, deixei de pegar (Cecilene Menezes).

- Moro mais próximo ao matadouro, a 150 metros. Já estou pensando em vender a minha casa, pois o mau cheiro é enorme. Tem criança em casa, e tenho medo delas pegar alguma doença. Quando chega o verão, o mau cheiro é pior ainda. Tem animal que é abatido poucas horas depois que chega. O animal é transportado em carroça, outras vezes é tangido. Já vi animal com perna quebrada sendo abatido, com ferimento. Uma vez um gado com a perna quebrada foi abatido e a carne foi distribuída para o povo. O gado é morto com machado, esfaqueado e cortado em cima do couro. Os funcionários trabalham sem qualquer proteção. Afirmo que o prefeito tem conhecimento dessa situação (Elivaldo da Silva Costa)

- Estou aqui como representante do Sindicato dos Agentes Comunitários de Saúde. Esse problema não é de hoje, mas vários anos. Quando fizeram o matadouro lá, já existiam residências lá. Na época, fizeram uma canaleta trazendo o esgoto do matadouro para dentro da cidade, passava praticamente na frente da minha casa. Na época o caso foi discutido na câmara de vereadores e foram lá, depois disseram que não existia problema algum. Então resolvemos interditar a rua. Retiraram o esgoto da nossa rua e jogaram para a rua mousinho. Apenas isso, mas o mau cheiro continua, cachorros pegam restos de animal e come. Os vereadores sabem do problema. A ex-prefeita sabia do problema, o atual prefeito sabe do problema. As autoridades sabem do problema, mas não tomam providência porque o povo ainda não se manifestou. Como eles, autoridades, não estão sendo incomodados, não estão sendo prejudicados pelo mau cheiro, não fazem nada. No meu relatório informei que o esgoto do matadouro cai no riacho, que é usado pelas pessoas (Flávio Henrique)

- quando cheguei na rua do Mousinho tinha umas quatro casas, mas já afetava todos, até de outras ruas. Afirma que a prefeitura mandou um trator para cavar um buraco no fundo do matadouro e mudou o esgoto do matadouro da rua para esse buraco. O fedor é muito grande. Falei com um auxiliar do prefeito sobre isso e nunca tomaram providência. Quanto ao percurso que os dejetos dos animais fazem, posso dizer com certeza: cai no buraco que foi feito pela prefeitura, depois vai para o açude. Em seguida, cai no riacho dos macacos, vai para o riacho do alagadiço e despeja no riacho do soldado. Depois de tudo isso, cai no rio guará, afluente do rio preto, a poucos metros da bomba da Caema. As pessoas que trabalham no matadouro não têm uniforme, trabalham com qualquer roupa. Já vi animal com a perna quebrada, com ferida, com o bucho para estourar ser abatido no matadouro, pois não tem fiscalização. Deixei de trabalhar para vir nessa reunião, pois não sou afetado diretamente pelo matadouro, sou afetado por tomar água com a sujeira do matadouro, tanto em Vargem Grande, quanto em Nina Rodrigues (Raimundo da Silva Costa) 

4 comentários:

Anônimo disse...

Esse é mais um exempo do descaso das autoridades públicas com o povo.Certamente o Promotor de Justiça e o Juiz nao comem desta carne nem moram ao lado deste matadouro.E talvez nem morem nesta cidade.
Ivan Sousa, Belágua

Anônimo disse...

O que se percebe em Vargem Grande é que a população precisa de incentivo pra lutar pelos seus direitos. A audiência refernte ao matadouro publico do municipio, foi a prova de que o nosso povo, quer sim se organizar porque "povo organizado luta e vence"

Márcia Natalina
Rede de Defesa/nucleo V. Grande

LASANTOS disse...

Juiz e Promotor não é fiscal de saúde. Procure informações na AGED ou na Secretaria de Saúde de sua cidade, não obtendo êxito faça uma reclamação verbal ou escrita e entrega as autoridades municipais.Quem também era para zelar pelo nosso povo era o VER-A-DOR, ou seja VERIADOR. Kadê esses homens?

Ianaldo Pimentel disse...

A SITUAÇÃO DOS MATADOUROS NOS MUNICIPIOS NÃO SÃO DIFERENTES, AUSENCIA TOTAL DAS AUTORIDADES, EM CANTANHEDE A PROMOTORA SE OMITIU EM RESOLVER O CASO.
SE OS MATADOUROS TIVESSE AS PAREDES DE VIDROS,NÓS SERÍAMOS VEGETARIANO.
REDE DE DEFESA,NÚCLEO DE CANTANHDE