quinta-feira, 16 de junho de 2011

Começo das aulas: início de sofrimento!

Abaixo o depoimento emocionado de um pai, prestado durante a audiência pública realizada pelos Fóruns e Redes de Cidadania no município de Presidente Vargas, no dia 13 de maio de 2.011

Trata-se de José Ribamar Gomes Marinho, lavrador, de 33 anos de idade, residente no povoado Estiva dos Cotós.

Nesse depoimento o retrato, em poucas palavras, da triste e cruel situação da educação pública no Maranhão: total abandono, descaso das autoridades responsáveis, cumplicidade, omissão ou conivência dos órgãos de fiscalização, entre os quais, Ministério Público e Conselhos (do Fundeb e da Alimentação Escolar).

Calendário escolar iniciado com três meses de atraso, sem o mínimo necessário para garantia do direito humano à educação, que o Brasil se comprometeu a oferecer a todos e todas com qualidade, no entanto gasta muito dinheiro em propaganda, para que todos acreditem que está cumprindo com o seu dever.

Durante o seu depoimento, diversas vezes entrecortou a fala, indignada, com o choro, por não se conformar com o sofrimento dos filhos.

Em sua opinião, o que interessa para as autoridades é a matrícula, por causa do dinheiro e nada mais. Para os pais, acompanhar diariamente o cansaço e o desânimo dos filhos e encontrar uma forma de animá-los a continuar.

Como muitos pais dizem Maranhão a fora: “é a herança que não tive que quero deixar”.

Veja o depoimento e tire as suas conclusões:

Todo ano é essa mesma história. A gente chega aqui e eles não resolvem nada, passam a gente de um lado para o outro. Nós não somos cachorro, nós somos gente, temos família. Eles tratam a gente com o maior desrespeito.

A gente fica indignado com a situação da educação das nossas crianças. Os nossos filhos não estão mais estudando debaixo de pé de manga, porque nos doamos uma sala, um salão de festa, para fazer a escola. Mas é só isso que tem.

Mas era muito incômodo para as crianças, a sala de aula funcionar dentro de um salão de festa. Então, arranjamos e ajeitamos uma capela para nossas crianças estudarem, não teve nada da prefeitura, foram os pais e a comunidade.

Tinha vinte e cinco cadeiras quebradas em nossa escola. A diretora comprou os pregos e a gente ajeitou as cadeiras. Quando a chuva se anuncia, já se libera as crianças, pois molha tudo.

Sabe quando a aula começou? Dia 09 de maio, desse jeito, sem nada na escola.

Os filhos da gente passam fome naquela escola. Minha filha fala: papai eu não quero mais estudar, que não tem merenda na escola.

Uma vez as minhas filhas trouxeram a tal merenda que eles tanto alegam e disseram para mim: papai olha aqui a merenda, e eu vejo é merenda vencida. Aquilo não é comida para criança.

O nosso botijão de gás faz seis meses que não funciona, tá lá abandonado.

A nossa estrada é precária, toda acabada.

A secretária de educação sabe toda essa história, já foi ao povoado e viu a situação. A câmara de vereadores também sabe, mas nunca foi até o povoado ver a situação.

O vaso sanitário que tem no banheiro lá eu queria levar a CGU e a vigilância sanitária para ver.

Os nossos filhos ficam sofrendo dentro do povoado. Já fico todo arrupiado quando ouço dizer que vai começar as aulas, pois sei que é tempo de sofrimento

4 comentários:

Ianaldo Pimentel disse...

Eu sou professor da rede municipal, tenho que trabalhar em dois município Cantanhede e Pirapemas,a situação nos dois municipio é de deixar agente indignado, falta o básico o dinheiro que as escola contam para a compra de material só do caixa escolar, se não chega não tem nem material de limpeza.
os 40% do fundeb só para comprar carrões, agora eles querem fazer reforço para provinha brasil, com isso mostrar que a educação vai bem.
o resultado não mstra a real situação da educação em Cantanhede, vamos combater esta fraude.
REDE DE DEFESA< NÙCLEO DE CANTANHEDE

VALDEJANE COSTA disse...

Olá,eu também sou professor no município de pirapemas e também quero lamentar o caos que a educação se encontra aqui, escolas sem as mínimas condições de higiêne, lederadas por diretores sem as minimas capacitações possiveis, o dinheiro do caixa escolar desaparece sem explicações, merenda é um chá de vez em quando, carteiras, o diretor quer que os alunos fiquem em pé e, se a câmara denuncia o MP diz que estão perseguindo o prefeito, o relatório da CGU que apontou inúmeras ilegalidades sumiu, já falaram com a desembargadora Fátima Travassos que dizem ser uma juiza JUSTICEIRA, mas até agora nada, enquanto isso o prefeito diz por aí que vai se reeleger novamente, pois a justiça do Ma está a seu favor e contra o povo. Lamentavelmente esse é o Maranhão, como diz um certo escritor "honoráveis bandidos".

Anônimo disse...

É de ficar mesmo arrepiado, de raiva de tamanha crueldade e essa crueldade é visivel em todos os municipios desse estado. Os maus gestores não estão nem aí com o sofrimento do nosso povo, pois seus filhos etudam em escolas particulares é os nossos filhos quem sofrem com essa fraude na educação porque são eles que estudam em escola publica. Vamos juntos tirar o sono desses prefeitos corruptos, denunciando suas fraudes. Porque esse "Maranhão é o nosso chão de luta"!

Márcia Natalina
Rede de defesa/nucleo V. Grande

LASANTOS disse...

Sr. professores esse pessoal que administra as pastas da Educação tão se lixando para vocês. Também, exercem cargos que não podem contrariar o gestor, senão, Rua. É que funciona. Temos ainda uma esperança, mas não vou comentar com meus filhos: daqui a 10 gerações(700 anos) as coisas vão mudar. Para pior. Observe que eles(deputados) estão querendo criar centenas de cidades no Maranhão, isso significa que muitos estão perdendo poder e, logo ficarão sem desviar, roubar.., assim criam cidades para aconchegar os compasas.