As elites brasileiras aprenderam um mau costume: não respeitam a lei.
Isto é: quando são contrárias aos seus interesses.
Existe um mau costume nesse país: a lei só tem validade depois de passar pelo poder judiciário.
Sobrevive, no entanto, uma certeza: a lei só se aplica por pressão popular!
Para os governantes, não vale o que o poder legislativo faz muito menos o julgamento do poder judiciário.
Tanto faz o que o poder judiciário diz, o governante faz o que bem entende: cumpre se quiser e não lhe acontece nada, absolutamente nada.
Governo só tem medo de povo e povo organizado!
Exemplos existem aos montes, mas basta citar o mais atual: a lei que estabeleceu o piso nacional do magistério.
Depois de amplamente discutida na sociedade, com a participação de todos os segmentos envolvidos, alguns governadores entraram com ação no Supremo Tribunal Federal argumentando a inconstitucionalidade da lei.
O Supremo, depois de morosidade costumeira, julgou a lei constitucional, agora em 2011, conforme matéria já publicada neste espaço (clique aqui).
Depois das três derrotas, na sociedade, no legislativo e no judiciário, aqueles contrários à lei continuam descumprindo-a, descaradamente.
Sempre foi dito para os pobres, excluídos e oprimidos deste país: não se pode descumprir ordem da justiça.
Pois bem: eles, prefeitos e governadores, descumprem a tal ordem judicial e nada, absolutamente nada, lhes acontece.
Por conta disso, professores de escolas públicas de pelo menos 15 estados param hoje as atividades para exigir o cumprimento da lei que estabelece um piso salarial para a categoria.
Segundo a CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação), que organizou o protesto, os estados que aderiram à paralisação foram: Alagoas, Amapá, Bahia, Ceará, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso, Pará, Paraíba, Pernambuco, Paraná, Rio Grande do Norte, Rondônia e Sergipe.
Sancionada em 2008, a Lei do Piso determinou que nenhum professor da rede pública com formação de nível médio e carga horária de 40 horas semanais pode ganhar menos do que R$ 950, cujo valor corrigido para 2011 é R$ 1.187.
Mesmo após a decisão do STF professores de pelo menos oito estados entraram em greve no primeiro semestre de 2011 reivindicando a aplicação da lei.
Para Roberto Leão, presidente da CNTE, é uma teimosia e um descaso dos gestores em cumprir essa lei, o que caracteriza falta de respeito com o educador.
E afirma categoricamente: “Prefeitos e governadores estão ensinando a população a desrespeitar a lei quando não cumprem ou buscam subterfúgios para não cumprir”
Para os governadores contrários à lei, o piso poderia ser entendido como remuneração inicial.
Claro que isso não passou de malícia, eterna forma de interpretar a lei no Brasil a favor dos governos, das elites, dos poderosos e não do povo!
No julgamento feito pelo STF, que acolheu os argumentos dos trabalhadores na educação, o piso deve ser interpretado como vencimento básico: as gratificações e outros extras não poderiam ser incorporados à conta como costumam fazer algumas secretarias de Educação.
“Isso [incorporação de gratificações] descaracteriza o piso e a carreira. Como a lei determina um piso para professores de nível médio, em alguns estados a diferença do piso do profissional de nível médio para o de nível superior é apenas R$ 30. Desse jeito, a carreira não atrai mais os jovens para o magistério porque ele não tem perspectiva”, diz Leão.
Para as prefeituras, sempre o mesmo lenga-lenga: faltam recursos para pagar o que determina a lei.
Segundo levantamento feito pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM) com 1.641 prefeituras mostra que, considerando o piso como vencimento inicial, a média salarial paga a professores de nível médio variou, em 2010, entre R$ 587 e R$ 1.011,39. No caso dos docentes com formação superior, os valores variaram entre R$ 731,84 e R$ 1.299,59.
“Eu nunca vi município ir à falência porque construiu biblioteca ou pagou bem a seus professores”, reclama o presidente da CNTE.
Vale lembrar que nenhum gestor cumpre o que determina a Constituição Federal, art. 212, ao exigir à aplicação de, no mínimo, 25% da receita resultante de impostos, compreendida a proveniente de transferências, na educação.
Aplicam mal os recursos do Fundeb, servindo essa fonte, em alguns casos, para bancar até mesmo despesas que não tem nenhuma relação com a educação.
Para se tirar a dúvida, basta os prefeitos cumprirem a lei, disponibilizando as contas municipais, para que sejam auditadas pelas organizações populares e sindicais.
Caso contrário, chega dessa conversa mole para boi dormir: cumpram a lei!
2 comentários:
Todo os dias ouvimos ou presenciamos algum tipo de violação de direito,e quem sofre com essas violações é o nosso povo, que luta dia a dia por sua sobrevivência,caso um de seus filhos, devido sua situação de desemprego, cometa algo contra os princípios legais é preso, as vezes até torturado. Enquanto isso os verdadeiros bandidos, que são os governantes, deixam de cumprir a lei não pagando o valor mínimo de que é direito dos profissionais do magistério, a estes não acontecem nada,pois consideram -se acima do poder e de todos. Isso as vezes é passado até como verdade, mas isso pode ser mudado apartir do momento em o povo tenha a consciência que ele é quem deve dá as cartas,que nós é que somos os patrões,e como patrões nós é que devemos decidir quanto será o salário,do presidente,dos governadores,do prefeito ,dos vereadores ,dos professores, enfim de todos os servidores públicos. E como todo patrão, demitir áqueles que não servem para o serviço público.Vamos acabar com essa vergonha, lute conosco e denuncie. Virgínia, Rede de Defesa, Codó-Ma.
Quando se fala de educação formal, de salários dos funcionários nos municípios, a alegação dos prefeitos é que não há dinheiro para implantar o piso salarial nacional, porém, dinheiro para festas, compras de votos, enriquecimento ilicito não faltam. Escondem a prestação de contas, por quê ? A MUDANÇA virá com o povo indignado, unido e organizado na luta sem trégua. José Atailson de Pte. Vargas. jtailson@hotmail.com
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