sábado, 2 de abril de 2011

Erro médico ou desleixo e deprezo médicos?

Em matéria que foi ao ar na noite de ontem,  o Globo Repórter, programa da Rede Globo de Televisão, mostrou a situação dramática que vive o brasileiro quando precisa recorrer ao Sistema Único de Saúde – SUS, para qualquer tipo de atendimento, desde uma simples consulta até uma cirurgia.

À primeira vista, uma mistura alquimista de desrespeito e descaso.

Esse tipo de situação divulgada não se restringe única e exclusivamente ao SUS, pelo que mostra a reportagem especial de José Bonato, veiculada no UOL Notíciais, no dia de hoje.

Por mais incrível que possa parecer não se trata de um truque mágico, mas de uma cirurgia feita num dos hospitais de referência de São Paulo: o Beneficência Portuguesa.

Dois anos depois foi descoberto que uma paciente, dona de casa de Araraquara, tinha uma “pinça cirúrgica”, de 18 centímetros, que ficara “esquecida” dentro de sua barriga quando da realização do procedimento cirúrgico.

Qual o nome mais adequado a essa situação que vive o brasileiro, quando precisa de atendimento na área de saúde: desleixo, falta de atenção, descuido, erro, negligência ou desprezo mesmo?

Infelizmente são práticas rotineiras que fazem parte do cotidiano de uma sociedade que aprendeu a conviver com a impunidade, com a idéia perversa da estratificação, da hierarquização, da desigualdade;  de que alguns são mais iguais do que outros; de que a existência do ato criminoso e sua respectiva punição depende de quem se trata, de que a lei não foi feita para obrigar a todos, alguns estão acima dela.

Uma coisa é certa: esse tipo de comportamento que nos foi ensinado, de tudo aceitar, com paciência e cordialidade, precisa ser mudado profundamente nas nossas relações sociais, para que a dignidade humana seja respeitada no nosso dia-a-dia.

Leia e tire as suas próprias conclusões!


Uma pinça cirúrgica de 18 centímetros ficou “esquecida” por dois anos dentro da barriga de uma dona de casa em Araraquara (273 km a noroeste de São Paulo). A mulher, que tem 49 anos e pede para não ter o nome divulgado, descobriu o objeto depois de sentir dores e passar por um exame de raio-X, em 31 de dezembro.

A pinça foi retirada do abdome da dona de casa três dias depois, pelo médico Leonardo Alberto Cunha, o mesmo que fez a cirurgia, em novembro de 2008, para a extração de um tumor num dos ovários da paciente. Ele se recusa a comentar o caso.

O marido da dona de casa, Edson França, afirmou que será ajuizada uma ação contra o médico e o Hospital Beneficência Portuguesa, onde foi feita a operação. “O médico diz que o mais importante foi ter salvado a vida dela de um câncer. Mas isso não tem nada a ver. Ele foi pago, então deveria ter feito o trabalho direito”, disse marido.

O hospital divulgou nota na qual afirma lamentar o ocorrido e estar “plenamente seguro” de suas responsabilidades. “Tem a instituição, pela sua existência centenária, o dever de buscar explicações e exigir que os médicos que supostamente tenham cometido tais deslizes se manifestem.”

Ainda de acordo com o comunicado, o prontuário da paciente foi encaminhado ao Conselho Regional de Medicina (CRM) para que analise a conduta profissional do médico e de seu auxiliar, o também médico Alexandre Gonçalves de Ângelo, que também não se manifesta sobre o caso.

A assessoria de imprensa do CRM informou hoje (sexta 01) que foi aberta uma sindicância para apurar as responsabilidades. Uma vez concluída a sindicância, cujo prazo de duração, em média, tem sido de cinco meses, poderá ser aberto ou não processo ético contra os profissionais envolvidos.

3 comentários:

VALDEJANE COSTA disse...

Santo Deus! até quando? Até quando esse país vai ter que velejar nas águas do descaso, da inresponsabilidade e falta de compromisso. Esse médico é inresposável e as autoridades mais ainda. Isso é um absurdo!

CLEMILTON disse...

Ifelizmente, esse é mais um dos absurdo erros médicos.até quando vamos ter que conviver com tanto atos de irresponsabilidade?

Unknown disse...

O que é público tornou-se banal neste país. O SUS deveria ser tratado como o melhor sistema de saúde e as pessoas zelarem por isso. Se não quer se empenhar sai da frente, mas matar gente é demais.