sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Encruzilhada: nova civilização ou barbárie?

Diante da crise do capitalismo, que arrasa economias, viola direitos e desencadeia uma verdadeira guerra civil nas ruas de países como Inglaterra e Grécia, grandes manifestações na Espanha, Portugal e Estados Unidos, a pergunta que não quer calar é qual a receita certa para sair dessa encruzilhada, que os “donos do poder”, precisamente dos países ricos e seus satélites colocaram toda a humanidade.

Está mais do que certo de que as receitas do FMI nada mais valem. Não passam de políticas imperialistas, a massacrar países pobres e seus povos, para que os ricos vivam de forma farta e nadem em piscina cheia de dinheiro.

O que está acontecendo parece ser apenas um ensaio do que está por vir. Parece que ainda não chegamos ao fundo do poço. Ergueram os ricos seus castelos à custa dos pobres, em solo arenoso.

Diante de uma humanidade que carece do mínimo para sobreviver, os ricos do mundo agora se levantam contra, afirmando que se está consumindo demais, ao invés de cumprir a política fiscal.

Em outras palavras: economizar, cortar gastos (leia-se: direitos), para pagar a dívida (ou seja: eles mesmos!).

Não é só um choque de modelo, mas também de civilização: modelo desumano numa civilização que se desumanizou (ou nunca se humanizou verdadeiramente) e considera que a riqueza abundante de alguns em detrimento da pobreza de bilhões é natural, aceitável e legítima.

Enquanto os donos do poder calculam suas riquezas e suas perdas, as ruas inflamam de indignação, impaciência e esperanças.

Abaixo, texto extraído do blog Tijolaço, sobre a nova indignação dos países ricos: o nosso consumo exagerado, ao invés de estarmos economizando para pagar

Os professores não fizeram o dever de casa

Os países ricos, o FMI e a mídia conservadora (ou isso é pleonasmo?) vivem dizendo que o Brasil precisa cortar gastos públicos, que não pode gastar mais do que arrecada e que sua dívida é astronômica.

Por isso, é irônico ver o que traz hoje O Globo, vejam só:

“Pelos dados do Fundo Monetário Internacional (FMI), a dívida média dos (países) emergentes em relação a seu PIB é de 33,6%, já a do G-7 (grupo que reúne EUA, Japão, Alemanha, Itália, França, Canadá e Reino Unido) é o triplo (118,2% do PIB). Pelas projeções do Fundo, a diferença será de quatro vezes em 2016.”

Ah, mas vocês pensam que eles dão o braço a torcer? Não, de jeito nenhum. Logo a seguir dizem que estamos nesta situação por termos seguido a cartilha do FMI e praticado a austeridade nos gastos públicos.

Só que o FMI é controlado justamente por aqueles países que nos deram tão bons conselhos.

Nós não estamos muito endividados e nunca estivemos. O que nós fomos e ainda somos é submetidos a um processo de endividamento extorsivo, com juros que não existem nesse mundo desenvolvido e que os “sabidos” do FMI sempre aplaudiram.

O mundo desenvolvido acumula déficits  e reclama do alto preço das commodities – os produtos minerais e agrícolas que eles exauriram e acham que devemos entregar-lhes barato, agora.

Reclamam, como faz hoje a The Economist, que estamos usando esses recursos para gastar mais com importações e fomentar o aumento do consumo, em vez de investir dinheiro na economia, mas são os primeiros, através de seus agentes financeiros, torcer o nariz para investimentos na base da economia e a medidas protecionistas para nossa indústria.

E a receita que nos deram não serve para eles próprios: continuam subsidiando o capital com seus juros públicos bem baixinhos, favorecendo um fluxo que nos obriga a mantê-los altos aqui.

Os “professores” erraram e não têm a dignidade de chamar aqueles  “alunos” que tratavam com dureza e palmatória para refazerem, eles próprios, as lições que determinavam.

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